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A Maldição da Corrente de Ferro


Nas profundezas do vale, onde o rio Caí serpenteia em silêncio, há um local envolto em lendas e temores, abaixo das ruínas da antiga ponte da Mariazinha. Este local, com sua aura misteriosa, guarda uma corrente de ferro que emerge das águas apenas nos períodos de seca, quando o rio se retrai, revelando segredos há muito ocultos.

A história começa há séculos, quando padres jesuítas estabeleceram uma missão nas proximidades do Morro da Mariazinha. Entre eles, havia um jesuíta cujo destino seria marcado pela ganância e pela tragédia. Dizem que, em uma de suas explorações, ele descobriu um baú misterioso, repleto de riquezas inimagináveis. Ouro, joias e artefatos sagrados repousavam ali, mas ao invés de compartilhar sua descoberta com a comunidade, o padre foi consumido pela cobiça.

Movido por seu desejo de manter o tesouro apenas para si, o jesuíta forjou uma corrente de ferro, robusta e quase indestrutível. De maneira quase sobrenatural, ele fixou uma ponta da corrente no topo do paredão rochoso do Morro da Mariazinha e a outra no próprio baú, que foi então lançado às profundezas do rio Caí. A corrente serviria como guia para o tesouro, enquanto a força do rio o manteria oculto.

O padre, porém, não conseguiu manter seu segredo por muito tempo. Ele confiou a existência do baú a uma única pessoa, mas logo após revelar seu segredo, encontrou seu fim trágico: foi decapitado em circunstâncias misteriosas. O que ele não revelou, no entanto, foi como alguém poderia resgatar o baú das águas profundas do rio.

Desde então, o local tornou-se sinônimo de maldição. Dizem que o espírito do padre jesuíta, sem cabeça, ainda vaga pela área, uma figura sombria sentada sobre uma laje de pedra, protegendo seu tesouro com vigilância eterna. Em noites de lua cheia, quando o rio está baixo e a corrente é visível, aqueles corajosos o bastante para tentar encontrar o baú são frequentemente recebidos por sons assustadores—o tilintar de correntes e gemidos que parecem vir das profundezas.

Numerosos aventureiros tentaram retirar o baú, mas nenhum teve sucesso. Relatos de afogamentos inexplicáveis são comuns na região, e a laje de pedra, segundo dizem, move-se de forma traiçoeira, jogando os incautos nas águas escuras. O que permanece inegável é que a corrente de ferro nunca foi removida, e seu fim continua um mistério.

Até hoje, a lenda da corrente de ferro e do baú amaldiçoado atrai os curiosos e os destemidos, mas poucos retornam sem histórias de assombrações e perigos. O rio Caí guarda seus segredos com fervor, e o espectro do jesuíta, silencioso e sombrio, permanece como o eterno guardião do tesouro perdido, mantendo viva a lenda que envolve a corrente de ferro.

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