No sopé do Morro Fagundes, há um lugar que parece saído de um conto antigo, coberto por um manto de flores incomuns, onde repousa uma enigmática Cruz de Ferro. A lenda que cerca este lugar remonta a tempos antigos, envolta em mistério e segredos que desafiam a passagem do tempo.
Conta-se que há muitos anos, um homem solitário, sem família ou amigos para compartilhar suas alegrias ou riquezas, teve a sorte de encontrar um tesouro em Montenegro. Ciente dos perigos que a riqueza poderia trazer, decidiu esconder seu achado. Escolheu um local afastado, entre as colinas tranquilas, e enterrou seu tesouro. Para garantir que jamais se perderia o paradeiro da fortuna, ele moldou uma barra de ferro em forma de cruz e a fixou sobre um pedestal de pedra, como um guardião silencioso de seu segredo.
Mas o que tornava o lugar ainda mais especial eram as flores que ele plantou ao redor da cruz. Não eram flores comuns, mas espécies raras, de beleza singular, cujas pétalas pareciam brilhar à luz do luar. Dizem que estas flores tinham uma origem mística, entregues a ele por um padre jesuíta, que afirmava que eram sagradas e protegiam o local de intrusos.
A história do tesouro e da misteriosa Cruz de Ferro não demorou a se espalhar pelas redondezas. Aventuras e promessas de riqueza rápida atraíram grupos de curiosos e caçadores de tesouros, todos determinados a encontrar a fortuna oculta. Armados com pás, picaretas e lanternas, os aventureiros seguiram por atalhos traiçoeiros, enfrentando o terreno acidentado e as noites frias, guiados pela esperança e pelo brilho das lendas.
Após dias de busca árdua, um grupo finalmente chegou ao lugar descrito. A Cruz de Ferro, majestosamente erguida entre as flores, parecia guardar os segredos do passado. Mas, enquanto eles se preparavam para escavar, algo inesperado aconteceu. Uma voz, profunda e ressonante, emergiu da terra, como se o próprio solo estivesse tentando se comunicar. O som misterioso fez os corações dos aventureiros gelarem. Sem entender a origem ou a intenção da voz, o pânico tomou conta. Eles largaram suas ferramentas e fugiram, deixando o tesouro enterrado e o mistério intacto.
Com o passar do tempo, outras histórias e lendas surgiram, desviando a atenção da Cruz de Ferro. O lugar foi lentamente esquecido, como se as flores sagradas e a voz da terra tivessem cumprido seu papel de proteger o segredo. No entanto, para os mais atentos, a lenda nunca desapareceu completamente. Há aqueles que afirmam ter avistado um jesuíta, vestindo sua batina, parado ao lado da Cruz durante as noites de lua cheia, como se estivesse velando por algo precioso.
Mesmo hoje, o mistério da Cruz de Ferro e o tesouro enterrado ainda ecoa nas conversas de velhos moradores e jovens curiosos. Será que a riqueza ainda está lá, esperando para ser descoberta? Ou o verdadeiro tesouro sempre foi o próprio mistério, uma lição sobre ganância, medo e o poder das histórias que conectam gerações?
O que é certo é que o lugar, com suas flores incomuns e a silenciosa Cruz de Ferro, continua a ser um marco enigmático, um lembrete de que alguns segredos são feitos para permanecer escondidos, protegidos pelo tempo e pela lenda.